Você sabia que o seu cão ou gato pode sofrer de diabetes mellitus? Isso mesmo, essa é uma doença que também pode acometer os animais e causar graves problemas a eles e até levar a morte.
O diabetes mellitus é uma doença que promove o aumento dos níveis de glicose no sangue gerando a hiperglicemia (valores acima de 120mg/dL). A glicose é um carboidrato utilizado pelas células juntamente com o oxigênio para produção de energia (ATP – adenosina trifosfato) sendo a forma mais eficiente. Para utilizar esse carboidrato a célula precisa do hormônio insulina, produzida pelo pâncreas, a fim de retirá-lo do sangue e colocá-lo dentro da mesma. No caso da doença temos duas situações, a primeira é aquela em que o pâncreas não produz a insulina e a segunda em que a célula torna-se resistente à insulina. Todas essas situações fazem com que a célula não consiga utilizar a glicose como fonte de energia, e dessa maneira passa a utilizar proteínas e lipídeos, mas são fontes não tão eficientes quanto a glicose e produzem metabólitos tóxicos para a célula, como corpos cetônicos.
Os animais mais acometidos possuem idades entre 6 e 9 anos de idade, e as causas podem ser variadas. No geral os cães apresentam o diabetes onde não há produção de insulina ou pouca produção, já os felinos são mais acometidos pela resistência à insulina, ou seja, o pâncreas produz, mas os receptores celulares não a reconhecem.
A poliúria/polidpsia são os sintomas mais comuns, mas o que são eles? Com o aumento das taxas de glicose no sangue, altera-se a osmolaridade, quantidade de partículas dissolvidas no líquido, no caso o sangue, e assim na tentativa de manter homeostase, a forma mais rápida de corrigir é diluir o mesmo. Sendo assim, ativa-se o centro da sede, fazendo com que o paciente aumente a ingestão de água (polidpsia) e, por conseguinte, para não alterar a pressão arterial e tentar eliminar o excesso de glicose, aumenta-se a produção de urina (poliúria). Esses pacientes também apresentam polifagia, aumento da ingestão de alimentos, e mesmo comendo, emagrecem. Quando as taxas de glicose no sangue ficam muito altas, a glicose passa a ser excretada pela urina, assim o tutor começa a perceber formigas onde os animais urinam.
O diagnóstico é feito pelo médico-veterinário, com a dosagem de glicose em jejum de 12 horas. Existem outros exames importantes para entender a causa e definir se o tratamento está sendo eficiente.
Mas como tratar esses pacientes? Os cães quase sempre serão dependentes da insulina ao longo da vida, já os felinos podem retornar o conhecimento da própria insulina, e, assim não necessitarem dela mais. A dosagem, o tipo e o intervalo da insulina serão definidos pelo veterinário endocrinologista, com base no acompanhamento do paciente. Após definir a dose e reestabelecer os limites da glicemia, é imperativo o controle alimentar. Para os animais, existem rações próprias para animais diabéticos, tanto em forma de rações secas quanto úmidas. Esses animais beneficiam-se desses alimentos pois não promovem picos altos de glicemia após a alimentação. Também não recomenda-se a utilização dos petiscos, visto que podem alterar o controle glicêmico.
O ideal é que a glicemia desses pacientes seja monitorada pelo menos 3 vezes na semana após o controle da dosagem de insulina, pois existem fatores internos e externos que podem influenciar na glicemia dos pacientes, e assim necessitam de correções na dosagem de insulina.
O paciente diabético controlado possui qualidade de vida muito boa, mas dependerá muito do tutor para mantê-la, já que necessitará de cuidados contínuos, mas que não são difíceis e nem extenuantes aos tutores.
Sendo assim, aos primeiros sinais, procure rapidamente o médico veterinário especialista em endocrinologia, para tratar de maneira adequada e evitar as complicações do diabetes mellitus.
Por: Cláudio Eustáquio de Moraes Júnior – Médico Veterinário
Professor de Fisiologia, Clínica de Pequenos animais e Cirurgia e Anestesiologia Veterinária do IMEPAC
Especialista em Endocrinologia Veterinária
Mestre em Cirurgia e Anestesiologia Veterinária pela UFU