A obesidade é uma doença que pode ser caracterizada pelo aumento exagerado de tecido adiposo, o qual impacta negativamente na saúde do paciente. Essa situação é diagnosticada pelo Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou superior a 30 kg/m². A prevalência dessa doença aumentou rapidamente em todo o mundo nas últimas três décadas, devido à predisposição genética e, principalmente, às mudanças profundas ocorridas no estilo de vida, incluindo hábitos sedentários e ingestão dietética de alto teor calórico. A obesidade apresenta riscos que vão desde a morte antecipada, até o desenvolvimento e/ou participação em doenças graves como: diabetes, doenças cardiovasculares, hipertensão arterial sistêmica, distúrbios reprodutivos em mulheres, alguns tipos câncer e problemas respiratórios. Ainda, pode causar depressão e comportamento de esquiva social, prejudicando a qualidade de vida do indivíduo.
Considerando que a redução do excesso de adiposidade continua sendo o tratamento fundamental para indivíduos obesos, as terapias de redução de peso podem comprometer a capacidade de preservar a massa muscular, especialmente quando a obesidade coexiste com alguma doença crônica. Estudos recentes sugerem que a redução da massa muscular tem um forte impacto prognóstico em indivíduos obesos e pode levar à fragilidade, redução da mobilidade, incapacidade e aumento da morbidade e mortalidade. A redução na mobilidade pode ser considerada indicador de saúde devido aos efeitos na qualidade de vida, já que prejudica a realização de atividades diárias afetando diretamente a independência dos pacientes. Outras consequências sérias no desenvolvimento da limitação física incluem o aumento da necessidade de hospitalização e o uso de serviços de saúde, resultando em impacto negativo ao sistema público de saúde.
Nesse sentido, o termo obesidade sarcopênica tem sido proposto para identificar indivíduos com excesso de gordura corporal e redução da massa muscular associado com baixa força muscular e o baixo desempenho físico.
Atualmente, o conhecimento sobre a prevalência da obesidade sarcopênica em várias condições clínicas e seus impactos clínicos na estratificação de risco do paciente, bem como estratégias eficazes de prevenção e tratamento, ainda não são claras. Opções dietéticas ideais e estratégicas de apoio nutricional para preservar a massa muscular em indivíduos obesos permanecem indefinidos. Sabe-se que a ingestão dietética influencia na gênese destas situações, e pesquisadores têm demonstrado que a necessidade de ingestão diária de proteína, preconizada para esta população, estaria aquém das reais quantidades necessárias. O tipo de proteína (principalmente de alto valor biológico) também parece exercer importante influência. Assim, estudos que envolvam essa temática são de suma importância, visando melhora do estado nutricional do paciente, e consequentemente, da qualidade de vida do mesmo.
Por: Danielle Fernandes AlvesNutricionista, coordenadora e professora do curso de Nutrição IMEPAC