O culto ao corpo vem sendo indagado pela sociedade desde a Grécia Antiga, quando a palavra que deu origem à ginástica significava “exercita-se nu”. Desde então, observamos na essência da prática do exercício, a estética, associada ou não a saúde corporal. A estrutura social e cultural contribui bastante para o crescimento da busca do “corpo perfeito”, tendo como o setor midiático o grande disseminador desta semente da área fitness acima do wellness.

A venda da imagem dos “corpos perfeitos” acaba desmistificando conceitos relevantes sobre o exercício físico. Este é uma grande ferramenta científica e desempenha um papel fundamental no tratamento não farmacológico de diversas doenças bem como auxilia na perda de peso com enfoque estético. Mas como escolher o melhor treino para emagrecer? É necessário passar horas na academia para tal?

A principal comparação sobre o que emagrece mais, sempre se dá entre a corrida ou qualquer treino de característica aeróbica e resistido (musculação). Existe uma crença de que o treino aeróbio de baixa a moderada intensidade e longa duração seja o mais eficaz para o emagrecimento por utilizar a gordura como fonte de energia. Será? Esta afirmação depende de muito mais que o exercício, como fatores relacionados à ingestão dietética do indivíduo.

Além disso, devemos pensar na função base do exercício aeróbio como melhora no condicionamento cardiorrespiratório e que o ganho hipertrófico do treinamento resistido (musculação, por exemplo) auxilia no emagrecimento, já que necessitamos de um maior consumo energético para manutenção da massa magra, ou seja, você vai queimar calorias para tal.

Outra indagação é sobre quanto tempo então devo treinar para chegar à famosa queima de gordura? No estudo de Wewege et al. (2017), foi demonstrado que tanto exercícios de intensidade moderada e longa duração quanto exercícios de alta intensidade a curto prazo encontraram eficácias semelhantes nas medidas de composição corporal, sugerindo então uma maior eficiência ao de curta duração e alta intensidade pela economia de tempo no programa de emagrecimento. Isto também foi demonstrado no trabalho de Ahlert et al. (2019), quando aplicaram protocolos de aeróbio contínuo e HIIT (treinamento intervalado de alta intensidade) em corredores. Eles verificaram um maior gasto energético ao HIIT, favorecendo a estratégia pelo menor uso de tempo pra praticar esse modelo de atividade. Todas estas informações nos demonstram que o respaldo para o emagrecimento vai além da escolha da modalidade e do tempo gasto praticando-a. Estratégias da sua qualidade e quantidade nutricional devem ser analisadas por um profissional da área de nutrição, além de variáveis como a intensidade de seu exercício entre outras relacionadas ao processo de periodização de seu treinamento devem ser embasadas por um profissional de Educação Física.

Mas então, qual exercício fazer para o emagrecimento ou qualquer outro objetivo que quero alcançar? Escolha sempre aquele onde sua adesão será maior, pois a disciplina e a continuidade do processo sempre será o sucesso do seu objetivo alcançado!

Por: Dra. Jaqueline Pontes Batista

(Professora do curso de Educação Física)

Referências

SANTOS, Mateus Ahlert dos et al. Comparison of epoc and recovery energy expenditure between hiit and continuous aerobic exercise training. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, [S. l.], v. 25, n. 1, p. 20–23, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1517-869220192501181346

WEWEGE, M. et al. The effects of high-intensity interval training vs. moderate-intensity continuous training on body composition in overweight and obese adults: a systematic review and meta-analysis. Obesity Reviews, [S. l.], v. 18, n. 6, p. 635–646, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1111/obr.12532