Os exercícios do Pilates foram elaborados por um curioso do corpo humano chamado Joseph Pilates, que durante a Primeira Guerra Mundial conseguiu reabilitar os soldados com a dinâmica de seus exercícios executados nas macas e com as molas que haviam nestas macas como forma de sobrecarga do movimento que seria realizado (KLOUBEC, 2011).
A partir daí, o criador delimitou seis princípios básicos para fundamentar a técnica do Pilates, sendo eles: centralização, concentração, controle, precisão, fluidez e respiração (WELLS; KOLT; BIALOCERKOWSKI, 2012). O método é um programa completo de condicionamento físico e mental, uma técnica dinâmica que visa trabalhar força, alongamento, flexibilidade e equilíbrio, preocupando-se em manter uma boa postura corporal (KLIZIENE et al., 2016).
Temos que entender que todo exercício seja ele praticado no solo ou nos aparelhos desenvolvidos para o Pilates, só pode ser considerado a prática do Pilates se a execução do movimento conter todos estes princípios citados, que é o que diferencia do treinamento funcional por exemplo ou até mesmo de exercícios executados na bola Suíça.
Outra característica relevante do Pilates, é que a maioria dos exercícios são executados no plano horizontal diminuindo assim os impactos nas articulações, principalmente se estas já estiverem danificadas. Por este motivo é muito comum o encaminhamento médico desta modalidade no caso de patologias, principalmente na coluna, como protusões discais.
Mas por que um método tão bem delineado causa a impressão de tratar apenas de uma capacidade física, a flexibilidade? Pois bem, a execução dos movimentos suaves e na posição deitada causa essa falsa aparência da modalidade, além de que a maioria das vezes não é cobrada de forma correta ao executante todos os princípios que o Pilates exige, descaracterizando o método. Se executado principalmente com a ativação dos músculos estabilizadores, a região do core, e, com a respiração realizada corretamente, o trabalho do exercício em execução desmistifica o delineamento de facilidade do Pilates.
Estudos já vem demonstrando a eficácia do método para dores lombares (PATTI, 2015). Além disso, a relação de doenças respiratórias com o Pilates também tem sido objeto de estudo devido ao princípio da respiração incorporado no método (FRANCO, 2014; LOPES, 2014; JESUS, 2015). Outros autores verificaram o uso do método para a melhora da mobilidade funcional, força muscular, flexibilidade ganho de equilíbrio e qualidade de vida em idosos, que têm todas essas capacidades comprometidas (IREZ, 2011; HYUN, 2014; GEREMIA, 2015; OLIVEIRA, 2015).
E quanto ao poder do emagrecimento pela prática do Pilates? Ainda é incerta a alteração da composição corporal com este método. Alguns estudos demonstram um efeito positivo na composição corporal, nos níveis de glicose e perfil lipídico, além da redução da pressão arterial principalmente em grupos especiais (FOURIE MARINDA et al., 2013; KOCHAN, 2015 ). Devemos levar em consideração que a perda de massa gorda e ganho de massa magra é dependente do gasto calórico ingerido e também do trabalho de volume e intensidade do treino. Portanto, faltam estudos bem delineados para afirmar o benefício quanto a composição corporal por meio desta modalidade.
Por: Jaqueline Pontes Batista
Professora do curso de Educação Física do IMEPAC
Referências
FOURIE, M., et al. Effects of a Mat Pilates Programme on Body Composition in Elderly Women Efectos de un Programa de Pilates de Ejercicios Sobre Alfombra en la Composición Corporal en Mujeres de Edad Avanzada. West Indian Med J, [s.l.], v. 62, no 6, p. 524–528, 2013.
FRANCO, C.B., et al. Effects of Pilates mat exercises on muscle strength and on pulmonary function in patients with cystic fibrosis. J. Bras. Pneumol. v.40, n.5, pp. 521-527, 2014.
GEREMIA, J.M.; ISKIEWICZ, M.M.; MARSCHNER, R.A.; LEHNEN, T.E.; LEHNEN, A.M. Effect of a physical training program using the Pilates method on flexibility in elderly subjects. AGE. v.37, pp. 119, 2015.
HYUN, J.; HWANGBO, K.; CHAE-WOO, L.The Effects of Pilates Mat Exercise on the Balance Ability of Elderly Females. J. Phys. Ther. Sci. v. 26, n. 2, 2014.
IREZ, G.B.; OZDEMIR, R.A.; EVIN,R.; IREZ, S.G.; KORKUSUZ,F. Integrating Pilates exercise into an exercise program for 65+ year-old women to reduce falls. Journal of Sports Science and Medicine. v.10, pp. 105-111, 2011.
JESUS, L.T., et al. Effects of the Pilates method on lung function, thoracoabdominal mobility and respiratory muscle strength: non-randomized placebo-controlled clinical Trial. Fisioter. Pesq. v.22, n.3, pp. 213-22, 2015.
KLIZIENE, I. et al. Direct Effects of a 16-week Pilates exercises training program for isometric trunk extension and flexion strength. Journal of Bodywork & Movement Therapies, [s.l.], p. 1–9, 2016. ISSN: 1360-8592, DOI: 10.1016/j.jbmt.2016.06.005.
KLOUBEC, J. Pilates: how does it work and who needs it? Muscles, ligaments and tendons journal, [s.l.], v. 1, no 2, p. 61–6, 2011. ISSN: 2240-4554.
KOCHAN, B. Effects of Nordic Walking and Pilates exercise programs on blood glucose and lipid profile in overweight and obese postmenopausal women in an experimental, nonrandomized, open-label, prospective controlled trial. [s.l.], v. 22, no 11, p. 1215–1223, 2015.
LOPES, E.D.S.; RUAS, G.; PATRIZZI, L.J. Effects of the Pilates method exercises in respiratory muscle strength of elderly women: a clinical Trial. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. v.17, n.3, pp. 517-523, 2014..
OLIVEIRA, L.C.; OLIVEIRA, R.G.; OLIVEIRA, D.A.A.P. Effects of Pilates on muscle strength, postural balance and quality of life of older adults: a randomized, controlled, clinical Trial. J. Phys. Ther. Sci. v.27, pp. 871-876, 2015.
PATTI, A., et al. Effects of Pilates Exercise Programs in People With Chronic Low Back Pain. A Systematic Review. Medicine. v.94, n.4, 2015.
WELLS, C.; KOLT, G. S.; BIALOCERKOWSKI, A. Defining Pilates exercise: A systematic review. Complementary Therapies in Medicine, [s.l.], v. 20, no 4, p. 253–262, 2012.