A avicultura brasileira apresenta grande expressividade no contexto industrial. Previsões sugerem que a carne de frango passe a ser a carne mais consumida no mundo, em 2020, sendo o Brasil atualmente, o maior exportador mundial de carne de frango. Esse fato é decorrente da idoneidade da atividade no país que trabalha dentro das normas corretas de produção e sanidade aliada aos grandes avanços como genética, nutrição, ambiência e manejo, já que essa área é uma das que abriga o maior número de pesquisadores tanto nas universidades e institutos, quanto a campo, trabalhando para melhor conhecimento da fisiologia da ave, visando melhores índices de produção.
Muitos são os rumores sobre o suposto uso de hormônios para o rápido crescimento dos frangos, no entanto essa não é a realidade dessa atividade. Os frangos de corte atuais são resultado de revoluções na ciência avícola, que acontece há anos, com linhagens comerciais que vem sendo geneticamente desenvolvidas para exibir precocidade e carcaças de melhor qualidade. Esse mito popularizou-se facilmente devido ao rápido ciclo de desenvolvimento desses animais que podem alcançar o peso de quase 3 kg em menos de 42 dias. Essa alta taxa de crescimento se deve principalmente ao potencial genético, mas também ao fato de que os animais são criados sob as melhores condições de biossegurança, conforto térmico e manejo, com rações especificas, à vontade por ate 24 horas por dia, atendendo as suas exigências nutricionais, quando comparada aos animais não melhorados geneticamente (“aves caipiras”) ou criadas em sistemas extensivos, onde não há programas de iluminação e a ração é oferecida poucas vezes por dia.
A falta de informações técnicas sobre o tema levou a essa crença tanto pela população, quanto por profissionais de outras áreas que difundem textos ou entrevistas com informações errôneas alardeando a população com notícias de que a indústria avícola comercializa produtos que poderiam ser prejudiciais à saúde humana, o que gera o comprometimento do setor que se obriga a vir ocasionalmente a público se justificar quando acusado dessa prática, visto que comprovadamente a atividade não usa deste artificio para favorecer o desempenho dos animais.
O uso de hormônios ou qualquer substância com a finalidade de estimular o crescimento e a eficiência alimentar na produção de frangos de corte é proibido por Instrução Normativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, não havendo livre comércio deste produto. Portanto, para abastecer o volume de frangos dessa indústria, seria necessária a prática clandestina de contrabando constante e ininterrupto, o que geraria denúncias palpáveis entre empresas concorrentes e não apenas acusações caluniosas sobre o hábito de uso dos mesmos. Sendo o Brasil um dos maiores produtores e o maior exportador do mundo, não haveria porque arriscar a imagem do país através do uso de produtos ilícitos que poderiam ser detectados pelos países exportadores, o que acarretaria em pesadas multas, recall dos produtos e bloqueio do comércio internacional, prejudicando toda uma cadeia mundialmente reconhecida e de alta rentabilidade.
Pesquisas já foram realizadas nessa área e os resultados demonstraram que os benefícios do uso de hormônio foram muito controversos, não apresentando muitas vezes os resultados que seriam esperados. Hormônios são produtos extremante onerosos e a quantidade que teria que ser utilizada, poderia inclusive ultrapassar o valor do animal. Isso se dá devido ao fato de que os mesmos não poderiam ser usados na ração, pois seriam degradados como componentes proteicos, sendo necessário então o uso da via injetável, individual e constante, que também não faria efeito visto que para início dos efeitos metabólicos seriam necessários pelo menos 60 dias sendo o ciclo das aves atuais de apenas 45 dias, assim, desmerecendo totalmente o uso do produto tornando-o inviável do ponto vista comercial.
O “uso de hormônios” não pode ser confundido com o uso de alimentos alternativos, suplementos, vitaminas e minerais, anticoccidianos, antifúngicos ou aditivos que são usados rotineiramente na atividade. A biotecnologia disponibilizou os chamados aditivos que são substâncias que quando adicionadas às rações tem a capacidade de melhorar o desempenho da ave ou ainda as características físicas desse alimento podendo- se citar os prebióticos, probióticos, simbióticos, enzimas exógenas ou ainda mais comumente promotores de crescimento.
Promotores de crescimento, como os antibióticos, são utilizados em baixa dosagem para manter a saúde intestinal da ave, melhorando assim, a absorção dos nutrientes das rações e consequentemente os parâmetros zootécnicos. Neste caso, anteriormente ao final do ciclo é respeitado o chamado período de carência, de forma a não haver resíduos inaceitáveis na carne comercializada, sendo a mesma segura para a população que hoje esta mais exigente e à procura de alimentos naturais.
A carne de frango é barata, saudável e extremamente nutritiva, sendo inclusive utilizada em dietas hospitalares ou de redução calórica para fins de emagrecimento, devido à baixa quantidade de gordura e colesterol. Desta forma, não há fundamento nas especulações ou acusações infundadas sobre o uso desses produtos na avicultura industrial.
Nunca houve histórico de desconfiança da comunidade internacional em relação ao uso de hormônios no frango brasileiro, porque essa prática realmente não existe. Assim, essa atividade além de gerar proteína animal para abastecimento da população a preço acessível, com total responsabilidade, e inúmeros empregos diretos e indiretos, ainda preza pela inocuidade dos seus produtos, e, portanto esclarecimentos sempre deverão ser necessários para que esta seja reconhecida como tal.
Profa. Dra. Brenda Carla Luquetti
Medica veterinária, Mestrado e Doutorado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Pós Doutorado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
Professora IMEPAC Centro Universitário.