“Não basta acolher! A ordem do dia é garantir que os estudantes com deficiência avancem nos conteúdos”. GURGEL (2007). É comum, atualmente, encontrarmos alunos com deficiências ou outros comprometimentos, matriculados em escolas regulares, independente se públicas ou privadas, em séries avançadas de acordo com sua idade, sem saber ler, interpretar, escrever ou resolver cálculos matemáticos, ainda sem domínio simples de coisas ligadas ao cotidiano.
Estes alunos inseridos nas salas comuns, contam com a grande preocupação de seus professores, pois muitas vezes os mesmos se julgam incapazes de ensinar tais discentes. Concordando com RAMOS (2016), a qual afirma: “Como tudo que é novo, o processo de inclusão escolar causou uma espécie de revolução. De um lado, a teoria orientando para a prática inclusiva; de outro, ocorreram alguns equívocos. A escola regular mostrou-se fragilizada e incompetente para lidar com essa mudança”.
Alguns docentes, mesmo com alguns conhecimentos sobre deficiências, não conseguem lidar com o ensino voltado aos alunos chamados “especiais”. Nota-se que a rejeição do novo/diferente também é uma das barreiras à adesão do ensino de qualidade para tais alunos. Outras barreiras são: a falta de informações das famílias, falta de auxílio pedagógico, e interesse dos órgãos competentes, fazendo com que estes se sintam sozinhos e abandonados.
Outro motivo, é a não aceitação desses alunos pelos próprios colegas de sala, não por preconceito, mas sim, por não saberem lidar com a diferença, por não saberem como ajudá-los. Na maioria dos casos, eles estão no espaço escolar sem acesso devido ao conhecimento acadêmico. Mesmo com o passar do tempo, é coerente o que diz GLAT (2007), quando afirma que: “nesse sentido, pode se dizer, que a maioria dos alunos que fracassa na escola não tem, propriamente, dificuldade para aprender, mas sim dificuldade para aprender da forma como são ensinados!”
A maioria deles até possuem o acompanhamento do Atendimento Educacional Especializado – AEE, nas escolas em conformidade com a legislação[1]. Porém, isso não alivia a angústia dos professores regentes diante da execução do Projeto Político Pedagógico, e das cobranças externas do próprio sistema educacional brasileiro.
Com certeza, não podemos comparar a aprendizagem destes alunos com a dos demais alunos ditos “normais”. Porém, espera-se que eles dentro de suas limitações particulares, possam aprender o que lhes é ensinado. E com o crescente número de alunos especiais, a cada ano, o educador está ainda mais, sem saber o que fazer.
Para esses os alunos com deficiência vivem no mundo particular. Enganam-se, por pensarem assim. Se compararmos a aprendizagem deles durante um determinado período, perceberemos evoluções. E de acordo com RAMOS, (2016), fica claro que: “A escola não é apenas uma instituição de ensino de conteúdos científicos. É, cada dia mais, um centro de formação de indivíduos, com vistas à construção de valores e inserção social, já que muitas famílias, por uma série de razões, não assumem mais tais responsabilidades.
Neste contexto, torna-se cada vez mais urgente encontrar uma maneira ideal, ou perto disto, de mostrar-lhes os caminhos para a aprendizagem, saindo da “convencionalidade” metodológica, para a prática de ações que de modo funcional irão verter resultados positivos a médio e longo prazo. Concordamos que a tecnologia é hoje um instrumento importante no aspecto inclusivo, uma vez que mesmo quem não tem computador em casa ou no trabalho convive com recursos tecnológicos diversos e deles depende direta ou indiretamente.
Ao utilizarem recursos tecnológicos como suporte de processos de aprendizagem, de forma lúdica estaremos estimulando a inclusão social e reforçando os processos de desenvolvimento de habilidades e competências necessárias a vida cotidiana. Como sabemos, os educadores brasileiros possuem pouco tempo para estudos, devido à carga horária extensa de trabalho, os baixos salários, e a falta de estímulo das instituições que não contribuem ou valorizam os processos de formação continuada.
Concluímos, que os docentes de turmas regulares se angustiam com a realidade da inclusão escolar vivenciada atualmente nas escolas. Tal incomodo deve servir como estímulo para a busca de mudanças no cenário educacional, visando possibilitar a vivência de práticas verdadeiramente inclusivas, que façam com que os alunos se vejam respeitados em seus direitos e valorizados em suas diversidades.
Referências
- GLAT, R. & BLANCO, L. de M. V. Educação Especial no contexto de uma Educação Inclusiva. In: GLAT, R. (org.). Educação Inclusiva: cultura e cotidiano escolar. 14 (Coleção Questões atuais em Educação Especial, v. VI), Editora Sete Letras, p. 15-35, Rio de Janeiro, 2007.
- GURGEL, Thais. Inclusão, só com aprendizagem. Revista Nova Escola. São Paulo, ed. 206, p.39-41, out. 2007.
- RAMOS, Rossana. Inclusão na prática: Estratégias eficazes para a educação inclusiva. 3 ed. [S.L.]: São Paulo: Summus, 2016.
[1] “…realizado, prioritariamente, na sala de recursos multifuncionais da própria escola ou em outra escola de ensino regular, no turno inverso da escolarização, não sendo substitutivo às classes comuns,” (resolução nº 4, de 2 de outubro de 2009, Art. 1º, Art. 2º, Parágrafo único, Art. 3º, Art. 5º).
Por:
Profa. Me. Laurice Mendonça da Silveira
Profa. Me. Maria Luiza de Borba Alves