Na noite dessa quinta-feira, 16, a Capela do Imepac (Instituto Master de Ensino Presidente Antônio Carlos) recebeu a presença da comunidade e de alunos dos cursos de psicologia, medicina e enfermagem para um momento de reflexão sobre saúde mental, a partir da exibição do documentário: “Eu Não Sou Napoleão”, do cineasta araguarino, Rogério Faria Junior.
O documentário mostrou um retrato atual e bem-humorado dos internos, semi internos, equipe médica e funcionários do hospital psiquiátrico Pedro II, no bairro do Engenho de Dentro (Rio de Janeiro), abordando a jornada íntima de seus pacientes e mostrando o desenrolar de seus destinos, diante de um mundo pautado por incertezas e preconceitos.
A atividade teve como objetivo promover a pré-estreia do documentário, bem como discutir aspectos relevantes da saúde mental, ao mesmo tempo em que comemora os 32 anos da luta antimanicomial.
Em um primeiro momento, alunos e convidados foram agraciados com a apresentação musical, dos alunos do grupo cellos é, do Programa de Iniciação Cultural do Cine Odette e Centro Espírita Caridade, projeto social que conta com a participação de alunos de escolas públicas de Araguari.
Em seguida, houve a exibição do documentário e, posteriormente o bate papo, com a participação de Rogério Faria e do psicólogo do CAPS, Gabriel Facincani cuja mediação foi feita pelo psicólogo da instituição, Juliano Marques.
Segundo a professora do curso de psicologia, que esteve à frente as atividades, Ana Lúcia Costa e Silva, o evento possibilitou o diálogo necessário sobre o tema, despertando o interesse dos alunos e comunidade. O evento contou com o apoio do NAAP (Núcleo de Acessibilidade e Atendimento Psicopedagógico) do IMEPAC, por meio do psicólogo institucional Juliano Marques.
“A pré-estreia do documentário do cineasta Rogerio Faria, que é araguarino, coincidiu com o 18 de maio, data em que se completam 32 anos de luta antimanicomial. Diante a pertinência do tema, achamos relevante fazer desse momento um momento de reflexão acerca do tema. Realizamos a junção de tudo isso, exibimos o documentário e surpreendemos os convidados com a presença do cineasta”, completou Juliano Marques.
Foi uma noite memorável e provocativa, que despertou novas ideias sobre loucura que, por vezes, não é possível entender ou lidar. O evento permitiu repensar a necessidade da sensibilidade e cuidado consigo mesmo e com os outros.
“O objetivo foi instigar o debate, fazer provocação para as pessoas repensarem a respeito da loucura, quem é louco? E o que fazer com a loucura nossa de cada dia?”, destacou a professora Ana Lúcia.
O cineasta destacou, durante o evento, que no ano 1999 tinha o costume de ler jornais diariamente, inclusive obituários, e chamou a atenção, a morte do psiquiatra Osvaldo Santos que havia participado de uma reforma psiquiátrica em parceria com a célebre psiquiatra Nise da Silveira. “Ele havia trazido de Londres algumas técnicas que abolia remédios pesados, eletrochoques e prisões e isso me deixou fascinado, fiz o recorte do jornal e guardei. Anos depois quando fui fazer meu TCC do curso de Cinema, no Rio de Janeiro, lembrei deste recorte e comecei a trabalhar baseado nesta história, foi então que me abriram as portas do hospital psiquiátrico; foram cinco anos de trabalho”, contou o cineasta.