A palavra binge é relativamente recente e vem sendo utilizada para descrever exageros, como comer, beber, gastar dinheiro, entre outras ações nas quais ocorre perda de controle.
Quem nunca bebeu demasiadamente, comprou compulsivamente, comeu até quase explodir, ficou a tarde inteira assistindo séries ou gastou mais do que deveria?
Esse tipo de comportamento esporadicamente é aceitável, contudo, merece atenção e vigilância por expor a riscos potenciais. Podemos destacar os riscos que envolvem o uso abusivo do álcool. Consumir grandes quantidades em pequenos intervalos de tempo é um comportamento característico da população jovem. Essa prática é denominada “beber em binge”, ou seja, uso pesado e episódico do álcool. Beber em binge ocorre quando há ingestão de cinco doses de álcool para homens e quatro doses para mulheres em um intervalo de duas horas.
Se considerarmos que nosso fígado é capaz de metabolizar uma dose de álcool a cada uma hora e meia, beber em binge pode ser muito perigoso. Segundo o professor José Manuel Bertolote criador da expressão “open bar, a nova roleta russa” uma pessoa com 80 kilos pode atingir o nível de ingestão letal de álcool com um litro de bebida destilada em curto período de tempo. Se tomarmos como base a referência que uma dose de destilado (30 ml) equivale a uma lata de cerveja ou uma taça de vinho esse limite pode não ser muito difícil de ser ultrapassado.
Os dados são alarmantes. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo IBGE em parceria com a Fiocruz para o Ministério da Saúde, em 2013, cerca de 24% da população com 18 anos ou mais consome bebida alcoólica uma vez por semana ou mais, entre homens a frequência é três vezes mais que na população feminina. De forma esporádica e em excesso ente 2006 e 2012, na população masculina, houve um aumento de quase 30% e no público feminino, de 36%.
Além da letalidade, alguns danos podem ser considerados, como os acidentes de trânsito com vítimas fatais, a exposição a doenças sexualmente transmissíveis, o envolvimento em brigas, discussões, situações sociais embaraçosas, potencialização da violência doméstica entre outros.
É bom lembrar que o consumo exagerado mesmo que de vez em quando, pode causar danos no cérebro, no fígado, no aparelho circulatório e levar à dependência e com o uso crônico levar a danos físicos, emocionais e sociais irreparáveis.
A recomendação é que essa prática passe a ser vista com um olhar mais crítico pela população em geral, em especial o público jovem. Como as mulheres não costumam tolerar muito bem os efeitos da bebida, a dica para o público feminino é que policie a quantidade e a frequência do uso dessa substância com maior rigor.
Por: Ismelinda Maria Mendes Souza Diniz
Professora do curso de Enfermagem do IMEPAC