A Revolução da Impressora 3D

A Revolução da Impressora 3D

Sempre que a tecnologia dá um salto, a princípio, as pessoas veem com timidez, restrição ou até medo, mas depois desta primeira impressão, o mercado e a própria vida das pessoas mudam completamente. Lembrando das aulas de história, quando surgiu o domínio da Termodinâmica e das máquinas a vapor, as condições de trabalho mudaram muito, deixou de ser aquele trabalho camponês e manual (daí a palavra manufatura) para um ambiente de cadência determinada pelas máquinas a vapor com uma produção acelerada.

Depois, no século XIX surgiu o gerador elétrico. A energia era usada em lâmpadas elétricas e máquinas mais limpas, não era mais necessário o carvão para fazer funcionar uma máquina, e a produção podia se estender noite adentro, outro salto de produtividade. Em meados do século XX, vieram os famigerados computadores abrindo alas para a Internet. Aí então, é que a vida de todo o mundo mudou completamente: a forma de trocar dados com facilidade, fazer um anúncio chegar a qualquer lugar do planeta, a troca de culturas, a globalização. Também a produtividade deu um salto com sistemas automatizados e integrados, uma linha de produção inteira podia funcionar através de sensores e conexões.

Um dos avanços tecnológicos considerado como outro salto nos processos produtivos é a impressão 3D. Primeiro, lá pela década de 80 como uma forma de prototipagem. Se o fabricante quisesse ver como ficaria um novo brinquedo a ser lançado ou acessório, poderia criar um produto tridimensional com as características desejadas e ter uma concepção muito mais realista de como ficaria o produto.

Mas da forma como a tecnologia tem evoluído, a expectativa é de que ela chegue tão perto de cada consumidor que seja quase tão comum quanto a impressora usada para imprimir um artigo como este.

A primeira impressora 3D de que se tem notícia é de 1980, criada por Hideo Kodama da cidade de Nagoya, no Japão. Ela tinha o nome de máquina de estereolitografia dado o interesse pela topografia do objeto criado. O processo ganhou o nome de Estereolitografia ou Prototipagem Rápida. Mais tarde, o nome ficou mais familiar: Manufatura Aditiva. Isto porque ao contrário de quase todos os outros processos produtivos, que partem da matéria-prima em uma forma bruta e dela vão se tirando pedaços até tomar a forma desejada, a Manufatura aditiva vai gradativamente, camada por camada, montando a peça. A forma impressa vem de um desenho 3D em software manipulável.

Adaptado de “A review of melt extrusion additive manufacturing processes: I Process design and modeling” Turner, Strong and Gold, 2013

 

Em uma de suas formas, um filete de material plástico é constantemente alimentado e aquecido até ter uma consistência moldável, e passando pelo bico é depositado, formando a geometria desejada. Outras variedades de impressão 3D dependem do material e da qualidade de acabamento.  Outros materiais como o metal também já são utilizados para impressão.

Visto assim, o campo de possibilidades é tão vasto quanto a imaginação humana. As previsões para o futuro são, por exemplo, impressão de próteses de joelho, peças para equipamento médico, impressão de órgãos capazes de serem aceitos pelo organismo humano: previsão do Fórum Mundial Econômico para 2024. Dispositivos dentários, além de peças para uma manutenção de máquinas o que tornaria o trabalho da manutenção muito mais rápido. Acessórios, calçados e até se especula a impressão de produtos alimentícios permitindo a um ‘chef’ fazer um prato milimetricamente requintado. Recentemente, a indústria farmacêutica tem se beneficiado da tecnologia: por meio de impressão 3D, o fármaco é impresso com diferentes composições, com proporções e até mesmo posição definidas no interior do comprimido, de maneira a otimizar a absorção [2].

Com o avanço da tecnologia e consequente redução de preços, cresceu o interesse de pessoas comuns nas impressoras 3D para uso doméstico. Custando entre mil a 5 mil dólares, uma impressora 3D doméstica pode ser vista com facilidade em redes sociais e vídeos caseiros operadas por curiosos e interessados em tecnologia.

Até mesmo o mercado de importação e exportação deve sofrer impacto, uma vez que a tecnologia estiver disseminada; peças e produtos costumeiramente importados podem ser simplesmente impressos, bastaria o acesso ao projeto e uma impressora 3D. A revista Forbes de 2015 estimou que o impacto financeiro da Indústria da Manufatura Aditiva deve chegar em cerca de 250 bilhões de dólares em 2025. Especialistas da Hudson Valley Economic Development Corporation (2015) apontam que se apenas 10% das indústrias utilizarem a impressão 3D como vem sendo visto, não demora e veremos uma tecnologia que movimenta 1 trilhão de dólares.

Por: Prof. Fábio do Curso de Engenharia de Produção

  • [1] Dumitrescu, G. C. e Tanase I. A. “3D Printing – A New Industrial Revolution” Knowledge Horizons – Economics, vol. 8, No. 1, pg. 32-39, 2016.
  • [2]Marzuka, K. S. e Kulosum, J. U. “3D Printing: A new Avenue in Pharmaceuticals”, World Journal of Pharmaceutical Research, v 5, Issue 5, pg. 1686-1701, 2016.