A depressão é um transtorno comum em todo o mundo: segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que mais de 300 milhões de pessoas sofram com isso. É importante notar que a depressão é diferente das flutuações de humor comuns no dia a dia das pessoas, assim como é diferente das respostas emocionais de curta duração frente às dificuldades e desafios da vida cotidiana.
Mas, então, o que é depressão? É um transtorno mental caracterizado por tristeza persistente e pela perda de interesse em atividades que normalmente são prazerosas, acompanhadas da incapacidade de realizar atividades diárias, durante pelo menos duas semanas. Ela pode causar profundo sofrimento e comprometer o rendimento escolar, a produção no trabalho e as relações sociais e familiares.
A boa notícia é que a depressão tem tratamento, o uso de medicamentos antidepressivos e a psicoterapia são tratamentos comprovadamente eficazes e que, de acordo com o quadro clínico do paciente, podem ser utilizados em conjunto ou isoladamente. Portanto, é muito importante que se busque ajuda profissional especializada para obter o correto diagnóstico e tratamento.
Em alguns casos, a depressão pode ser tão intensa que o paciente não consiga buscar ajuda sozinho. Nessas situações, o apoio de algum familiar ou amigo é fundamental, tornando-se necessário que alguém tome a frente e ajude a pessoa a buscar tratamento, pois além de comprometer a qualidade de vida do indivíduo, a depressão é uma das principais causas de suicídio no Brasil e no mundo.
Ao iniciar o tratamento, os medicamentos antidepressivos demoram de duas a quatro semanas para que seus benefícios sejam percebidos e é de fundamental importância que o paciente saiba disso e persista utilizando o medicamento como prescrito para garantir uma boa resposta à farmacoterapia.
Infelizmente, muitos pacientes, quando começam a se sentir melhor ou quando os sintomas da depressão desaparecem, abandonam o tratamento. Esse é um erro muito grave, primeiramente, porque a suspensão abrupta do medicamento antidepressivo pode, por si só, desencadear um novo episódio depressivo. Além disso, somente o médico consegue determinar a duração necessária do tratamento com base na intensidade, frequência e duração das crises, entre outros aspectos. Portanto, o paciente não deve, em hipótese alguma, abandonar o tratamento por conta própria.
Em algumas pessoas, o transtorno depressivo é uma doença crônica, que deverá ser tratada pelo resto da vida para que seja mantida sob controle, assim como ocorre com outros problemas de saúde como a hipertensão arterial e o diabetes tipo 2. Na depressão, caso o tratamento seja descontinuado antecipadamente, o paciente provavelmente apresentará uma recaída ou recorrência – um novo episódio depressivo – e a cada vez que o tratamento é abandonado, mais difícil se torna o controle da doença.
Há também pessoas que apresentam um episódio depressivo e necessitam de tratamento farmacológico por um período de tempo determinado, sendo que uma vez feito o tratamento completo e feita a retirada gradual do medicamento conforme orientação médica, o problema de saúde é resolvido. No entanto, somente o acompanhamento por um profissional qualificado permitirá a adequada avaliação das necessidades de cada paciente.
Portanto, o uso racional de medicamentos antidepressivos é fundamental para o sucesso do tratamento da depressão, evitando, assim, recaídas e recorrências de modo a garantir uma adequada qualidade de vida ao paciente.
Por: Rita Alessandra Cardoso
Farmacêutica e docente do Curso de Farmácia do IMEPAC Araguari