Reaproveitamento de Pneus para Pavimentação de Ciclovias

Reaproveitamento de Pneus para Pavimentação de Ciclovias

Os pneus têm, em média, uma vida útil que varia entre 40 mil a 100 mil km, dependendo do tipo e das condições de utilização. Após a vida útil, boa parte é descartada ou encaminhada para recapagem, gerando resíduos nos dois casos, com projeção de decomposição em aproximadamente 500 anos. A produção da indústria brasileira de pneus novos produziu 57,3 milhões de pneus em 2007, e em 2008, produziu-se 59,7 milhões e em 2016 chegou a 67,8 milhões, isso sem considerar a quantidade significativa de pneus importados que chegam ao mercado brasileiro.

Assim, com recursos naturais não renováveis escassos e com o aumento em escala quase que exponencial da produção de diversos tipos de resíduos, destacam-se aqueles que necessitam de um longo tempo para entrarem em decomposição, há uma necessidade de se reduzir o consumo desses recursos e desenvolver uma solução efetiva e ecológica para diminuição dos resíduos.

Observando este contexto, surge um desafio com o objetivo de desenvolver de forma experimental e prática, um material que atenda às características de desempenho para pavimentos de concreto que minimizasse a utilização de agregados. Assim, utilizar borracha de pneu na forma de pequenas tiras em substituição ao agregado miúdo, no caso, a areia, torna-se de grande relevância ambiental.

Para produzir concreto com tiras de borracha é necessário fazer um estudo laboratorial de caracterização da borracha. Fiz parte de uma pesquisa experimental em Uberlândia, onde foram dosados três tipos de concreto, em três proporções diferentes (50%, 25% e 12,5%) em relação à substituição da quantidade de areia, em massa, pelas tiras de borrachas.

Neste experimento foi constatado que a mistura de concreto com adição de borracha de pneus em tiras traz prejuízo na aplicação do material, pois a manipulação fica mais difícil e, quando se faz a substituição da areia pela borracha há uma diminuição considerável da resistência do concreto. No entanto, permite uma redução da adição de água conforme aumenta a quantidade de borracha utilizada.

Contudo, a necessidade de se diminuir a extração de minerais e de alguma forma utilizar o resíduo derivado de produtos não degradáveis, para minimizar os impactos ambientais, faz com que a pesquisa na área tenha uma significativa importância socioambiental.

EXEMPLO DE APLICAÇÃO:

Em 2009, atendendo às recomendações do estudo para utilização não-estrutural do concreto com adição de tiras de borracha, uma empresa da cidade de Uberlândia, produziu esse concreto, construindo 1200m de ciclovia, com uma camada de 8cm de concreto.

Para a pavimentação de ciclovias, a adição de borrachas no concreto foi interessante e houve boa aplicação, pois não se exige resistência elevada.  As ciclovias atendem cerca de 30 mil usuários em Uberlândia. Ainda hoje, essa ciclovia, pavimentada com concreto de tiras de borracha, encontra-se em perfeito estado de funcionamento.

Autor: Prof. Márcio Caixeta Teixeira
Técnico de Tecnologia Militar do 2º Batalhão Ferroviário de Araguari
Professor do Curso de Engenharia Civil – IMEPAC