Existe uma área, tanto de pesquisa como de mercado, que vem crescendo no Brasil desde a última década chamada de engenharia biomédica. Apesar do nome parecer ser direcionado a profissionais engenheiros, a engenharia é apenas uma pequena parte da engenharia biomédica.
Só a fim de contexto, gostaria de comentar alguns fatores que são de extrema importância para o compreendimento de como a engenharia biomédica está tomando lugar dentro de nossa sociedade científica.
Imagine que uma pessoa tem uma determinada doença que para seu correto diagnóstico, é necessário um exame (exame de sangue). Para que esse exame seja feito, é necessário que o paciente vá a um médico, que irá fazer o pedido de exame, é necessário que um biomédico ou enfermeiro colete o sangue do paciente e que um técnico faça os testes laboratoriais para que então outro médico de o resultado do exame. Isso faz parte de nossa rotina.
O que está ficando de fora dessa história é toda tecnologia utilizada para se coletar a analisar o sangue coletado. Se você pensar bem, não se usa mais seringas para se retirar sangue ao fazer exame. O sangue é retirado diretamente no frasco que será feita a análise, diminuindo assim gastos. A máquina que faz o exame do sangue foi desenvolvida com base em pesquisas que deram origem a esta máquina.
A área de engenharia biomédica, em uma minúscula parte, se encarrega de desenvolver tecnologias que podem ser utilizadas na área da saúde. Para tanto, é necessário profissionais que conheçam tanto de tecnologia quanto de fisiologia, anatomia, medicina entre outras diversas áreas.
No mundo em que vivemos atualmente, (falo como alguém que compreende do assunto) não há desenvolvimento de tecnologia que não envolva profissionais que tenham conhecimentos sobre análise de dados, banco de dados e desenvolvimento de sistemas informatizados.
Os alunos do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas da IMEPAC são treinados e capacitados para preencherem essa lacuna. Como alguém que atua há 4 anos desenvolvendo tecnologias para a saúde, posso garantir que a falta de profissionais para atuarem durante a análise de dados em tecnologias ligadas à saúde é algo preocupante.
Dentro do meu grupo de trabalho, possuo duas colegas que são fisioterapeutas que precisaram aprender por conta própria sobre linguagens de programação por falta de profissionais que cumprissem esse papel. Dentro do IMEPAC nós treinamos nossos alunos para estarem prontos a atuarem nessa demanda.
Durante o semestre passado, em uma das matérias que lecionei, com o nome de Projeto Integrador: Linguagens de programação, auxiliei um grupo de 5 alunos que desenvolvessem um programa que pudesse ser utilizado nas clínicas que fazem tratamento com pessoas portadoras da Doença de Parkinson.
Por mais arcaico que possa parecer (isso também acontece nos hospitais e clínicas de áreas diferentes à da Doença de Parkinson), quando um profissional da saúde atende um paciente, seus dados ficam registrados em prontuários físicos (papéis). Isto torna difícil a atuação dos profissionais da saúde e torna consultas mais lentas, dificultando assim a vida dos pacientes também.
Um outro exemplo de como preparamos nossos alunos para estes desafios é em uma das matérias que sou professor, de nome Interface Homem Máquina. Nessa matéria, os alunos aprendem como criar métodos e programas que possibilitem ao homem se comunicar com a tecnologia de alguma forma. Um exemplo, é um programa que desenvolvi com alguns colegas que tinha o objetivo de permitir pessoas tetraplégicas navegassem na internet e utilizassem o computador com apenas o movimento dos olhos.
O artigo científico que trata deste tema em particular pode ser encontrado online, nos anais do V Congresso Brasileiro de Eletromiografia e Cinesiologia e X Simpósio de Engenharia Biomédica que ocorreu em 2017.
Veja que esta área, apesar de não ser ainda muito conhecida no Brasil, vem ganhando cada vez mais reconhecimento, estando o Brasil em um dos países que mais desenvolve tecnologias voltadas à saúde. Ao terminarem nosso curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, nossos alunos estão prontos para suprirem a necessidade que vem surgindo, não só área de engenharia biomédica, como também de muitas outras.
Por: MSc.Luciano Brinck Peres – Professor do Curso Análise de Desenvolvimento de Sistemas do IMEPAC