A Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) é um sistema que foi implementado em 2006 e continua sendo realizado, em que todos os 26 estados brasileiros mais o Distrito Federal são investigados por meio de ligações telefônicas acerca do monitoramento de fatores de risco para doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT). O sistema tem contribuído para a ampliação do conhecimento sobre as DCNT no país, sendo que mais de 52 mil brasileiros já participaram das entrevistas telefônicas.
As DCNT apresentam gênese multifatorial e comuns, que geralmente são causadas devido a um pequeno conjunto de fatores de risco, incluindo inatividade física, tabagismo, consumo abusivo de álcool e consumo alimentar inadequado.
Em relação aos hábitos alimentares dos brasileiros, a pesquisa investiga questões relacionadas a qualidade da alimentação, incluindo percentual de adultos que consomem frutas e hortaliças regularmente (avaliado a frequência semanal) ou adequadamente (cinco porções diárias), percentual de adultos que consomem refrigerantes em cinco ou mais dias da semana (também se incluem os sucos artificiais) e percentual de adultos que consumiram bebidas alcoólicas de forma abusiva (considerada como cinco ou mais doses para homens ou quatro ou mais doses para mulheres em uma única ocasião, pelo menos uma vez nos últimos 30 dias). Para realização da avaliação do estado nutricional, as medidas de peso e altura são realizadas (respostas autorreferidas) e posteriormente é calculado o Índice de Massa Corporal (IMC).
Frente à pesquisa realizada no ano passado, foi observado que a frequência de consumo regular e adequado de frutas e hortaliças foi menor entre homens (27,7% e 18,4%) do que entre mulheres (39,2% e 27,2%), respectivamente. Em relação a frequência do consumo de refrigerantes em cinco ou mais dias da semana e a frequência do consumo abusivo de bebidas alcoólicas nos últimos 30 dias foi mais elevada entre homens (17,7% e 17,9%) do que entre mulheres (11,6% e 11,0%).
No que diz respeito ao estado nutricional, a frequências de excesso de peso (IMC > 25 kg/m²) entre adultos (> 18 anos) foi ligeiramente maior entre homens (57,8%) do que entre mulheres (53,9%). Entre homens, a frequência dessa condição aumentou com a idade até os 44 anos e foi maior nos estratos extremos de escolaridade. Entre mulheres, a frequência do excesso de peso aumentou com a idade até os 64 anos e diminuiu notavelmente com o aumento da escolaridade.
Desta forma, é possível perceber que a alimentação do brasileiro precisa de grandes melhorias, sendo que homens parecem apresentar hábitos alimentares inadequados em maior frequência quando comparados às mulheres. Além disso, sabe-se que a alimentação tem grande impacto no estado nutricional, e o percentual de indivíduos com excesso de peso é preocupante, uma vez que essa situação está relacionada à inúmeras doenças. Assim, esses dados são importantes para a construção de políticas públicas que incentivem a educação nutricional, afim de melhorar os hábitos de nossa população, impactando positivamente na qualidade de vida dos indivíduos.
Por: Me. Luana Thomazetto Rossato
Professora do Curso de Nutrição
Referências:
Brasil. Ministério da Saúde. Vigitel Brasil 2018: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2018. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. 132.: il. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/vigitel_brasil_2018 _vigilancia_fatores_risco.pdf. Acesso em: 21 de outubro de 2019.