A ideia foi da baiana Patrícia Silva de Jesus, mais conhecida como Patrícia Braille. Apesar de o apelido fazer alusão à linguagem analógica, foi no ambiente digital que Patrícia se transformou na protagonista de uma história fantástica.
Patrícia Braile é professora de Braille, tem muitos amigos cegos no seu círculo de amigos e, quando as redes sociais se popularizaram, ela percebeu a necessidade de tornar esse ambiente mais acessível. Assim, Patrícia criou o projeto #PraCegoVer em 2012 que, nada mais é, do que uma hashtag que torna as redes mais acessíveis.
Ela explica que
“a descrição das imagens publicadas na internet, através da técnica de audiodescrição, favoreceu o acesso daqueles que não enxergam, mas desejam e estão, sim, participando de todas as redes sociais com o auxílio de programas específicos que transmitem, em forma de áudio, todo o conteúdo textual da tela do computador.”
A adesão ao projeto alcançou até gigantes como a Coca-Cola e a Google. Mas, enfim, como se faz? Veja o passo a passo de como descrever imagens do #PraCegoVer:
- Coloque a hashtag #PraCegoVer;
- Anuncie o tipo de imagem: fotografia, cartum, tirinha, ilustração;
- Comece a descrever da esquerda para a direita, de cima para baixo. [Essa é a ordem natural de escrita e leitura ocidental. Mude se achar que é necessário];
- Informe as cores: Fotografia em tons de cinza, em tons de sépia, em branco e preto;
- Se a foto for colorida, não precisa informar. Você já vai citar as cores dos elementos da imagem;
- Descreva todos os elementos de um determinado ponto da foto e só depois passe para o próximo, criando uma sequência lógica;
- Descreva com períodos curtos. Se dá para informar com três palavras, não precisa usar cinco;
- Comece pelos elementos menos importantes, contextualizando a cena, e depois afunile até chegar ao clímax, ou seja, o ponto chave da imagem;
- Evite abreviações e preste atenção se a pontuação está correta;
- Evite adjetivos. Se algo é lindo, feio, agradável a pessoa com deficiência é quem vai decidir, a partir da descrição feita;
- Transcreva os textos que porventura existam na imagem, porquanto o conteúdo inserido como forma de imagem, ainda que textual, não é facilmente detectado pelos leitores de tela;
- Atente-se ao fato de que a #pracegover pode ser utilizada por qualquer um que compartilhe conteúdos, e consequentemente atingirá diferentes grupos de pessoas, razão pela qual a linguagem não deve ser rebuscada.
Por: Juliano Marques – Psicólogo responsável pelo Núcleo de Acessibilidade Lucas Vinícius de Sousa – discente do curso de Direito
Referência:
Caderno de Notícias. Patrícia Braille criadora do projeto #PraCegoVer incentiva a descrição de imagens na web. Acesso em 30 de novembro 2019: