A amamentação constitui eixo fundamental da atenção à saúde da criança devido aos seus benefícios nutricionais, emocionais, imunológicos, econômico-sociais e de aporte para o desenvolvimento do bebê, além dos benefícios à saúde materna. No entanto, ainda são alarmantes os dados acerca do desmame precoce pelas nutrizes brasileiras. O estímulo ao aleitamento materno por parte dos profissionais e serviços de saúde, assim como órgãos governamentais tornou-se estratégia relevante na promoção da saúde materno-infantil nos últimos anos (SILVA et al., 2019; ALMEIDA; LUZ; UED, 2015).
Neste contexto, o “Agosto Dourado” figura como uma campanha cujo objetivo principal é colocar o tema amamentação em evidência, provocando o debate em torno da sua importância em todos os setores da sociedade, sobretudo na saúde da criança. Além disso, são intensificadas as ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno (BRASIL, 2015).
A Semana Mundial da Amamentação (SMAM) ocorre em mais de 170 países no mês de agosto. Neste ano, o Ministério da Saúde do Brasil lançou a campanha com slogan “Amamentação: Incentive a família, alimente a vida” que reforça o tema anual da SMAM da World Alliance for Breastfeeding Action (WABA), destacando a importância do amparo de toda a rede de apoio (família, amigos, profissionais de saúde, empresários) aos pais, em especial às mulheres que estão amamentando (SIQUEIRA E TOMA, 2002).
O Ministério da Saúde recomenda que os bebês sejam amamentados de forma exclusiva até o 6º mês de vida e que se estenda até os dois anos ou mais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de seis milhões de crianças são salvas a cada ano com o aumento das taxas de amamentação exclusiva até os 6 meses de vida (WHO, 2010). Seus benefícios vão além da nutrição infantil, conferindo nutrientes para o crescimento e desenvolvimento saudáveis. O aleitamento materno tem importante componente imunológico, pois protege a criança de doenças como diarreia, infecções respiratórias e alergias. Estudos recentes também associam as taxas de aleitamento com a redução do risco de a criança desenvolver hipertensão arterial, diabetes, dislipidemias, sobrepeso e obesidade na vida adulta (BRASIL, 2015).
Para as mamães, o ato de amamentar traz benefícios imediatos e a longo prazo, desde a redução de sangramento no período pós-parto até a prevenção do câncer de mama. É um alimento natural, na medida certa para o bebê e que contribui com a família e sociedade de forma sustentável.
É responsabilidade de todos os profissionais da saúde, bem como da rede de apoio da nutriz, promover, incentivar e dar suporte à mãe, bebê e família. Enfermeiros, médicos, nutricionistas, entre outros profissionais, devem estar atentos e conduzir com efetividade o manejo ao aleitamento materno, desde o pré-natal, o momento do parto até o seguimento e acompanhamento da mulher e da criança. Conduzir a amamentação não é uma tarefa fácil, sobretudo se a mulher e seus familiares próximos não se prepararam com informações atualizadas. Amamentar não é um simples ato instintivo, e sim ato social, cultural e que requer habilidade de todos ao redor da mãe, do bebê e suas famílias.
Por: Me. João Paulo Assunção Borges (Professor do curso de Enfermagem)
Referências:
Almeida JM de, Luz S de AB, Ued F da V. Apoio ao aleitamento materno pelos profissionais de saúde: revisão integrativa da literatura. Rev. paul. pediatr., São Paulo , v. 33, n. 3, p. 355-362, 2015 . http://dx.doi.org/10.1016/j.rpped.2014.10.002.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar. 2nd ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2015.
Silva VA, Caminha MF, Silva SL, Serva VM, Azevedo PT, Batista Filho M. Maternal breastfeeding: indicators and factors associated with exclusive breastfeeding in a subnormal urban cluster assisted by the Family Health Strategy. J Pediatr., Rio de Janeiro, v. 95, p. 298-305, 2019. https://doi.org/10.1016/j.jped.2018.01.004
Siqueira SR, Toma TS. 2002. As Semanas Mundiais de Aleitamento Materno. In REGO, José Dias (Org). Aleitamento Materno: um guia para pais e familiares, São Paulo: Editora Atheneu.
World Health Organization. Indicators for assessing infant and young child feeding practices. Part 2. Measurement. Geneva; 2010. http://apps.who.int/iris/ bitstream/10665/44306/1/9789241599290 eng.pdf?ua=1.