Atendimentos veterinários em tempos de coronavírus - IMEPAC

Atendimentos veterinários em tempos de coronavírus

 

O Médico Veterinário é o profissional dentro do contexto da saúde única que possui uma interface entre os animais, o homem e o meio ambiente. Diante da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) que estamos atravessando, a relação homem/animal, intensa em todo o mundo e no Brasil, nos faz considerar que os estabelecimentos veterinários são responsáveis pela saúde animal, considerados essenciais para a harmonia dessa convivência.

Assim, os médicos veterinários com a autorização dos governos estaduais, são orientados pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) a cumprirem seus papéis como profissionais de saúde mantendo o atendimento normal em clínicas e hospitais veterinários, com ressalvas de modo à preservação da saúde humana. Nesse sentido, as consultas veterinárias devem pautar por atendimentos de preferência agendados, com a presença de apenas um responsável pelo animal, de maneira a se evitar concentração humana excessiva em ambientes de espera.  Cada profissional deverá adotar regras básicas de higiene e assepsia pessoais e do ambiente, antes e após cada atendimento, devendo usar o máximo de descartáveis (jalecos, luvas, máscaras etc.). Durante as consultas em domicílio, deve-se seguir rigidamente as mesmas normas de higiene e assepsia, além de manter um intervalo mínimo entre os atendimentos.

Em casos de internação, o profissional deve desestimular as visitas aos animais internados, oferecendo maior número de boletins médicos dos pacientes. Em pet shops, deve-se manter estoques normais de alimentos aos animais de maneira a evitar deslocamentos incertos de entrega aos tutores quando da procura de ração ideal ao animal. Embora haja grande contribuição do setor de estética animal às receitas do estabelecimento, deve-se reduzir a circulação de pessoas em trânsito para levar os pets para banhos e tosas, devendo-se pensar em realizar a higiene de animais de companhia no próprio domicílio.

O médico veterinário também deve orientar que sejam reduzidos os passeios com animais, e que as saídas sejam curtas e ao ar livre com os animais de estimação, acompanhados de apenas um responsável, apenas para atender às necessidades fisiológicas, sempre evitando contato com outros animais e pessoas, buscando os lugares menos aglomerados e os horários mais tranquilos. Quando do retorno, deve-se fazer a higienização dos membros do animal (lavar com água e detergente neutro, secar e usar um spray com sanificante que não cause dermatite), de maneira a evitar propagação de doenças.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que, até o momento, não há evidência significativa de que animais de estimação possam ficar doentes ou transmitir o novo coronavírus (Covid-19). Ainda assim, a recomendação é de que pessoas infectadas evitem o contato com seus cães e gatos, pois o tutor infectado, ao espirrar ou tossir, poderá espalhar partículas com vírus na pelagem do animal. Até o momento, não há informações de que o animal em si desenvolva a doença, mas se o pelo estiver contaminado e outra pessoa o tocar, não há garantia de que não haverá transmissão. Nesse momento de incertezas, todo cuidado faz a diferença para evitar o contágio.

Por fim vale ressaltar que:

  • As vacinas V-8 e V-10 imunizam os cães contra o coronavírus canino, que não é o mesmo que está se espalhando agora, causando a pandemia. Essas vacinas não podem ser aplicadas em humanos e não são eficazes contra o Covid-19.
  • O CRMV não permite que sejam feitos o atendimento à distância, conforme determina o Código de Ética do Médico-Veterinário. A consulta clínica deve ser presencial, seja no consultório ou em domicílio, mas sempre que possível, de forma restrita, individualizada, reduzindo aglomerações.

 

  • O abandono de animais é inaceitável e já era um problema de saúde pública no Brasil antes mesmo da ameaça do coronavírus, uma vez que cachorros e gatos errantes, sem vacinação e cuidados de saúde, além de indefesos, são potenciais transmissores de zoonoses, aquelas doenças transmitidas de animais para seres humanos, como raiva, leishmaniose, leptospirose, toxoplasmose e outras. Como afirmado anteriormente, não há ainda relação de transmissão do Covid-19 por animais. Dessa forma, reforça-se a necessidade de que as pessoas pratiquem a guarda responsável, cuidem da saúde dos seus pets e mantenham as medidas necessárias para evitar a propagação de doenças.

Por: Sílvio André Pereira Mundim – Médico Veterinário

Coordenador do Curso de Medicina Veterinária IMEPAC

Mestre em Biotecnologia e Processos Biotecnológicos UFRJ