Animais de estimação pouco convencionais - IMEPAC

Animais de estimação pouco convencionais

As cidades estão sendo tomadas por prédios, aos poucos a forma como residimos está sendo modificada, as casas estão sendo transformadas em apartamentos e as famílias estão menores a cada ano. São tempos modernos, achamos tudo isso normal e nos adaptamos. Por outro lado, a nossa natureza de primatas humanos (sim, somos primatas!) está em cada uma das nossas células e elas gritam por contato, carinho e atenção, algo raro hoje em dia. Não é para menos, pois, estas mudanças são recentes, já a nossa natureza evolutiva foi baseada em grupos familiares e no contato com animais.

Tudo isso nos traz até o presente momento, ao longo dos anos a relação com os animais se mostrou sinérgica, única e muitas vezes incompreendida. O dia a dia junto a eles promove em nós o desenvolvimento da empatia, do caráter e até pode determinar a preferência por uma profissão.

As escolhas dos nossos mascotes podem ser influenciadas pelo estilo de vida e facilidade de manutenção, um exemplo disso é a inversão na proporção quantitativa de cães e gatos nos países ricos, hoje eles têm mais gatos do que cães, além é claro de muitos pets não convencionais, no Brasil a população de cães e gatos está quase equilibrada e provavelmente seguiremos os países mais desenvolvidos.

Em outras palavras, o modo de vida mudou e não temos o mesmo tempo disponível para os nossos pets, isto explica porque os critérios também estão mudando.

Em razão disso, adquirimos cães, gatos e algumas vezes animais silvestres de fauna nativa (exemplo: papagaios, jabutis, saguis, etc…) e exóticos (exemplo: furões, cacatuas, pássaros, hamsters etc…), independente da origem e do grau de contato aceito por nossos animais, cada vez mais as pessoas se encontram dentro destas relações. Hoje temos criatórios comerciais de animais silvestres e exóticos legalizados, que de forma direta auxilia no combate ao tráfico. Pois oferece ao cidadão a guarda de uma animal nascido em cativeiro e que não poderia ser devolvido para a natureza.

Tentar entender esse interesse por animais diferentes nos leva ao período antes da colonização do Brasil, os nativos brasileiros já se beneficiavam do contato com os animais, em Tupi a palavra Xerimbabo quer dizer “coisa muito querida” e também é utilizado para “animal de criação”, estes costumes foram enraizados em nossa cultura, por isso é tão comum conhecer pessoas que mantém papagaios, pássaros, jabutis e mais recentemente serpentes como animais de estimação (pets).

O que chama a atenção do segmento pet é que as pessoas continuam querendo um animal de estimação, mas eles devem se enquadrar no estilo de vida dos proprietários, como alternativas aos pets convencionais temos serpentes que se alimentam a cada 15 dias em média, furões que dormem por volta de 18-20 horas por dia, aves que interagem e conseguem aprender diversas palavras. Literalmente, todos eles param o trânsito por onde passam, o que leva a concluir sobre outros fatores no momento da escolha: modismo e status que eles podem proporcionar.

De acordo com a inteligência comercial do Instituto Pet Brasil, que se baseou nos dados do IBGE, o Sudeste concentra 47,4% da população pet, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro encabeçam respectivamente este levantamento. Em 2018 o Brasil registrou uma população composta por 39,8 milhões de aves, 19,1 milhões de peixes e 2,3 milhões de répteis e pequenos mamíferos. Havendo um crescimento médio geral de 5,2% desde 2013.

Não é só o mercado que presta atenção nas tendências, as faculdades particulares já haviam antecipado esta mudança de comportamento e consumo, por isso, incluíram habilidades nas grades curriculares voltadas para que os médicos veterinários tivessem condições de prestar um atendimento de excelência a estes pacientes que estão ganhando espaço nas salas de atendimentos.

Esta é a visão da gestão do curso de Medicina Veterinária do Instituto Master de Ensino Presidente Antônio Carlos (Imepac), desde a primeira turma formada na instituição, todos os alunos recebem conhecimentos sobre a medicina de animais silvestres e exóticos, tendo a possibilidade de realizar práticas dentro de instalações próprias. Estando de acordo com a Resolução do Conselho Federal de Medicina Veterinária (Res. 829/06), onde garante o exercício da profissão independente da origem do paciente (legal ou ilegal).

 

Por: Me. Evandro Alves Canelo

Professor do curso de Medicina Veterinária