Durante o mês de novembro, os alunos do curso de Medicina Emannuel Novaes e Thaís Ribeiro participaram do Projeto “IMEPAC vai à ÁFRICA”, um trabalho em parceria com a ONG Missão África.

A equipe foi composta por 25 voluntários de várias partes do Brasil, dentre eles encontravam-se médicos, estudantes, enfermeiros, pastores, nutricionistas, publicitários, repórteres, cinegrafistas e dois ex-jogadores do Santos Futebol Clube. Todos unidos por um único objetivo: levar atendimento digno, amplo e cuidadoso para o maior número de pessoas possível.

 

Confira o relato feito pelo estudante do IMEPAC Emannuel Novaes:

 

“Diariamente a equipe se deslocava para as regiões próximas a cidade de Beira. Os atendimentos eram realizados dentro das escolinhas ou em pequenas igrejas, e mesmo com toda a precariedade encontrada, todos os dias realizávamos em média de 200 atendimentos.

No primeiro dia os atendimentos foram feitos na Escola Comunitária Infantil YahwehwJire, fundada em 2017 e que se localiza na comunidade da Zona C. Foram atendidas todas as crianças matriculadas na escola, bem como seus pais e irmãos. Durante os atendimentos era realizada a avaliação nutricional, pela qual eu fiquei responsável, onde pesávamos as crianças, mediamos os perímetros cefálico, torácico e braquial, e jogávamos os valores obtidos nas curvas de avaliação para que de acordo com a classificação fossem prescritos os poli vitamínicos pelo nutricionista. Além disso, eram feitas consultas médicas para que as crianças, bem como as suas famílias pudessem ser tratadas de acordo com as suas necessidades.

No segundo dia realizamos atendimentos na Escolinha Comunitária de Mutua, por lá o fluxo de pacientes atendidos foi consideravelmente maior do que no dia anterior. O padrão dos atendimentos foi o mesmo adotado na comunidade da Zona C, entretanto, devido à estrutura um pouco maior o fluxo das consultas foi mais acelerado. A minha função dentro da equipe foi inicialmente a mesma do dia anterior. No entanto, após uma das medicas da equipe se ausentar para acompanhar uma criança em estado grave até o hospital da Beira, eu passei a realizar consultas juntamente com as outras médicas da equipe, ampliando ainda mais as possibilidades de aprendizagem e as vivencias na área médica. Ao final do dia, tivemos a triste notícia de que a criança citada acima veio a falecer, o que gerou um sentimento de consternação em toda a equipe.

No terceiro dia nos deslocamos até o hospital do Dondo, por lá foram realizadas palestras para os profissionais locais. Os temas abordados foram: Primeiros Socorros, Biossegurança e IST’s, ao final houve um tempo de bate papo e sorteio de brindes. Ainda no hospital, nos deslocamos até a enfermaria da ala pediátrica, onde distribuímos brinquedos para os pacientes e ainda tivemos a oportunidade de presenciarmos um parto natural, o que trouxe grande alegria a equipe.

No quarto dia realizamos atendimentos nas comunidades de Vinde e Jocum, por lá foram atendidas todas as crianças assistidas pela ONG Missão África e suas respectivas famílias. Os atendimentos foram realizados seguindo os mesmos padrões já supracitados.

No quinto dia, eu e a minha colega Thais Oliveira Marcello fomos até o ISCTAC para conhecermos a estrutura e o funcionamento da universidade, conversamos com alunos, professores e diretores e consideramos valiosa a oportunidade de entendermos a realidade local e a forma como superam todas as dificuldades para formarem profissionais de excelência. O que mais me chamou a atenção foi à carga horaria de aulas praticas que eles tem, que é bem maior que a que temos no Brasil. No período da tarde conhecemos também o hospital da Beira e tivemos a oportunidade de passarmos algumas horas com os profissionais que ali trabalham, foram passados para nós os casos dos pacientes internados na pediatria e também conseguimos visitar o centro cirúrgico, onde vimos de perto as limitações que eles enfrentam.

No último dia de atendimentos, fomos até um projeto chamado Yong África, que prepara jovens para o mercado de trabalho por meio de cursos profissionalizantes. Lá realizamos diversas atividades, dentre essas, eu fiquei responsável por ter uma espécie de bate papo com os homens que ali estavam para falar sobre Infecções Sexualmente Transmissíveis, uso de preservativos e a importância do planejamento familiar, foi um tempo bastante proveitoso, com muitos questionamentos por parte dos pacientes, o que demonstra a importância que eles deram para aquele momento. Ao final, pude examinar aqueles que tinham sintomas de DST´s e realizar o aconselhamento adequado para cada caso.

Por fim, no ultimo dia da viagem, realizamos palestras no ISCTAC com os alunos de medicina e enfermagem, com entrega de certificado e sorteio de brindes. Os temas abordados foram: Primeiros Socorros, Biossegurança, Abordagem ao Paciente Vítima de Queimadura e a importância da Terapia Ocupacional.

Neste interim, é valido concluir enaltecendo as aprendizagens das quais fui participante durante este projeto, no qual é possível perceber a medicina como uma verdadeira missão. Retorno fortalecido e convicto de que fiz a escolha certa para a minha vida profissional.”