Ler pelo simples prazer de ler! Assim, conceituamos as leituras deleites. Atualmente, busca-se fazer dessa uma prática na qual o objetivo primordial se volta para a estimulação do gosto pela leitura. É sabido que o contato com diferentes tipos de textos possibilita a ampliação dos saberes individuais, além de possibilitar momentos de fruição, prazer e descontração nos conduzindo a um mundo mágico de fantasias, semelhante às primeiras sensações vivenciadas pela criança ao se colocar como espectadora das leituras realizadas por alguns adultos, que com o intuito de proporem momentos lúdicos, que em sua maioria antecedem ao estímulo de um sono tranquilo, contam histórias para que os pequenos durmam.

O estímulo dos adultos, principalmente dos pais e familiares na formação de um futuro leitor, é importantíssimo. Uma vez que, se as palavras movem, os exemplos arrastam, será na motivação à imaginação, à criatividade, à liberdade de expressão de linguagem e pensamento que se promoverá a vivência de experiências ricas de sentido e significado, as quais possibilitarão a formação social do indivíduo, influenciando-o na construção de habilidades necessárias ao seu processo de desenvolvimento.

A escola também assume importante papel nesse processo de aprendizagem, oportunizando ao aluno o oferecimento de uma diversidade de textos que de forma didática e produtiva contribuirá para a construção do aluno-leitor, o qual irá desenvolver nesse processo de formação capacidades como reflexão, análise, julgamento e crítica.

Faz-se importante considerar como premissa que o ato de ler, enquanto mera decodificação de códigos, sílabas e palavras, por si só não se configura como estereótipo de formação de pessoas cultas, racionais e pensantes. A leitura envolve uma interação entre diversos e diferentes fatores, ressaltando aspectos psicológicos, pedagógicos, culturais e outros. A leitura consolida-se como um “processo de ler”, no qual o indivíduo mergulha dando sentido e significado, produzindo sentimentos inscritos em uma dimensão simbólica e única para cada ser humano.

Segundo Koch e Elias (2008), a leitura está para além de apenas ocupar um importante espaço na vida do leitor. Para as autoras, o ato de ler constitui-se da junção entre os sujeitos sociáveis com a linguagem sociocognitiva, o que lhes possibilita um contato eficaz com elementos significativos do texto. Sendo assim, os diferentes textos serão para o leitor o contato direto com palavras, informações e conceitos que de maneira peculiar, serão percebidos e decodificados elevando assim, o grau de sentido que eles preservam.

As leituras deleites são hoje utilizadas pelo docente como momento de estímulo ao desenvolvimento criativo, não havendo a imputação de obrigatoriedade e pontuação. Todavia é necessário atentarmos também para a formação desse profissional, que historicamente acostumado a reprodução de métodos tradicionais de alfabetização, ainda não consegue vislumbrar a utilização das leituras deleites em sua dimensão de formação humanística, que efetivamente se consolidará a médio e longo prazo na aquisição de vocabulário, desenvolvimento de escrita, articulação oral de linguagem e leitura, o que nos faz desejar que esta prática fosse iniciada ainda, no nível de Educação Infantil.

Ana Arlinda de Oliveira, em seu artigo aborda a mediação do professor nos processos de leitura literária, sobre essa prática a autora diz o seguinte:

 

[…] Ser mediador da leitura é conseguir compartilhar com a criança. Quando o professor é um entusiasta da leitura e comunica esse entusiasmo às crianças, existe grande possibilidade de que estas sejam seduzidas pela leitura, por conta da curiosidade sobre o que está sendo lido. É muito importante que a criança veja o professor lendo. Nos momentos em que as crianças leem silenciosamente, é interessante que o professor o faça também, de modo que o ambiente escolar seja visto como lugar agradável do exercício da leitura para ambos (OLIVEIRA, 2010, p. 51).

 

A prática da leitura deleite motiva a aquisição de conhecimento de forma prazerosa, se bem trabalhada enquanto metodologia lúdica na formação de leitores possibilitará a construção de inúmeros saberes, os quais configuram-se como aporte de fundamentação de interpretações, que viabilizarão de forma particular o entendimento e a participação dos cidadãos, no que tange, as relações sociais, econômicas, políticas e culturais, a compreensão do eu, do outro e do mundo.  

As leituras deleite, não se destinam apenas as crianças e adolescentes, sendo essas propicias a qualquer indivíduo, em qualquer idade, uma vez que a referência ao “deleite” nos conduz a significados como: deliciar-se, satisfazer-se. Ler precisa ser um exercício diário, pois nos permite por momentos: sentir, experimentar e viajar. O mundo da leitura derruba barreira e aproxima as pessoas. Deleitem-se na magia da leitura!

 

Por: Prof.ª Mª.: Maria Luiza de Borba Alves

Curso de Pedagogia – IMEPAC/Araguari

 

 

 

 

Referências:

 

KRUG, Flavia Susana. A importância da leitura na formação do leitor. Disponível em: https://www.ideau.com.br/getulio/restrito/upload/revistasartigos/277_1.pdf. Acessado em: 02 de julho 2019.

 

KOCH, Ingdore V.; ELIAS, Maria V. Ler e compreender os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2008.

 

 

OLIVEIRA, Ana Arlinda de. O professor como mediador das leituras literárias. In: BRASIL, Ministério da Educação. Literatura: ensino fundamental. Coleção Explorando o ensino, v. 20, Secretaria de Educação Básica – Brasília: pdf. MEC/ SEB, 2010. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=7841-2011-literatura-infantil-capa-pdf&category_slug=abril-2011-pdf&Itemid=30192. Acessado em: 02 de julho 2019.