Leite de Caixinha: Mitos e Verdades

Leite de Caixinha: Mitos e Verdades

O leite é um dos alimentos nutricionalmente mais completos; é fonte de proteínas, vitaminas e minerais. Segundo o Ministério da Saúde, a recomendação diária de leite ou equivalente na forma de derivados, para crianças de até dez anos, é de 400 ml por dia; para adolescentes, 700 ml/dia e para adultos acima de 20 anos, a recomendação diária seria de 600 ml em média.

O leite é um produto delicado e altamente perecível, sendo um excelente meio de cultura para vários microrganismos, devido  sua riqueza em nutrientes. No Brasil, boa parte do leite é obtido através de más condições higiênico-sanitárias, o que constitui um risco à saúde pública, principalmente quando este é consumido cru (sem passar por quaisquer tratamento térmico). A contaminação do leite pode ocorrer desde a glândula mamária da vaca ate seu transporte e comercialização.

O ser humano é um dos poucos animais que consome leite na fase adulta, mas, mesmo sendo considerado um alimento bastante comum e bastante utilizado por todas as faixas etárias e condições financeiras da população, ainda existem vários mitos que o cercam.

É verdade que o leite “longa vida” dura mais? O leite que os nossos avós consumiam era mais saudável do que o produto que compramos atualmente? O leite da fazenda é mais completo? E se ferver, está ótimo e seguro para o consumo? O leite que consumimos na caixinha ou no saco plástico tem muito conservante e faz mal a saúde?

O leite é um produto industrializado e envazado, sua embalagem (saco de polietileno, caixinha, garrafa plástica, garrafa de vidro, lata) é composta por várias camadas, cada uma com uma finalidade específica e estas prolongam a vida de prateleira do produto, que foi passado por um tratamento térmico conhecido como pasteurização, a qual elimina uma grande quantidade de bactérias que podem inclusive causar doenças.

A pasteurização é um processo onde a temperatura é elevada e posteriormente reduzida, no caso da “caixinha”, o leite é Ultrapasteurizado, conhecido como leite UHT (Ultra High Temperature), temperatura mais alta por um período de tempo menor é o processo mais radical: o leite é aquecido a 140 °C por alguns segundos e logo em seguida é resfriado. Como praticamente nenhuma bactéria sobrevive, ele dura quatro meses em temperatura ambiente. Este processo afeta minimamente a composição do leite, sendo que o mesmo continua a ser um alimento completo e saudável.

A fervura caseira é capaz de elevar a temperatura, e é capaz também de eliminar microrganismos contaminantes, o que não podemos garantir é a quantidade e quais os contaminantes foram eliminados no processo feito em casa, sendo então, ineficiente para o tratamento do produto, principalmente quando este for comparado ao da caixinha.

A única substância acrescida ao leite e permitida pela legislação, é um aditivo, que garante a estabilidade (proteção) das proteínas durante o processo de ultrapasteurização. Estabilizantes não tem função de conservantes. O Leite Longa vida, portanto, não tem conservante!

Segundo a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde) aditivos alimentares são substâncias adicionadas aos alimentos sem o propósito de nutrir, mas com o objetivo de modificar ou manter as características físicas, químicas e biológicas ou sensoriais desses produtos.

Assim como o leite, devemos priorizar o consumo dos seus derivados também produzidos a partir da matéria prima pasteurizada, com isso podemos assegurar a saúde. Muitas vezes a falta de informação leva o consumidor a hábitos errôneos, que podem terminar com alguma doença grave.

“STANFORD – Mulheres grávidas, bebês e crianças pequenas deveriam evitar leite não pasteurizado (ou cru) e produtos lácteos feitos a partir deste tipo de leite devido a seus riscos de infecções bacterianas. O comunicado foi divulgado neste domingo pela Academia Americana de Pediatria e segue a recomendação de outros órgãos internacionais, como a Associação Mundial de Saúde e a agência reguladora de remédios dos Estados Unidos, a FDA.”

Por: Dra. Hélida Fernandes Leão
Médica Veterinária, Mestrado pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e Doutorado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Professora Imepac Araguari.