Alzheimer: tratamentos farmacológicos e intervenções não farmacológicas - IMEPAC

Alzheimer: tratamentos farmacológicos e intervenções não farmacológicas

Em tempos atuais, ouvir as histórias de nossos avós nos proporciona momentos raros de aprendizagem que não se adquire em escolas. Mas, no meio de longas narrativas recheadas de sabedoria, percebemos períodos de silêncio e olhar distante. Gradativamente vamos observando, em nossos avós, a ocorrência de perda da memória recente e dificuldade para encontrar palavras.

Nesse instante, a busca de respostas para compreender o quadro de perda de memória é incessante e o diagnóstico clínico nos é dado: Doença de Alzheimer, uma doença que provoca a deterioração global, progressiva e irre­versível de diversas funções cognitivas.

Essa narrativa ilustra os sintomas iniciais do mal de Alzheimer que, de acordo com a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz), acomete, mundialmente, cerca de 35,6 milhões de pessoas. No Brasil há cerca de 1,2 milhões de casos, sendo a maior parte sem diagnóstico. A base do tratamento para a doença deAlzheimeréfarmacológica e não farmacológica; o tratamento farmacológico utiliza inibidores da colinesterase como a tacrina, rivastigmina, donepezila e galantamina; já a memantina atua no mecanismo específico de toxicidade nas células cerebrais; alguns medicamentos em fase de teste como oanticorpo monoclonal BAN2401 estão sendo utilizados. Em relação às novas estratégias terapêuticas não farmacológicas, as estimulações cognitivas, sociais e físicas sãoutilizadas para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Já foi demonstrado que a inatividade física é um dos principais fatores de risco para desenvolvimento da Doença de Alzheimer; se houvesse uma redução de 25% na inatividade física da população mundial, haveria uma redução de 1 milhão de casos da doença. Dessa forma, o exercício físico tem sido amplamente discutido frente a essa condição e as conclusões da maioria dos estudos demonstram que pessoas com doença de Alzheimer, fisicamente ativas, estabilizam/retardam o avanço da doença, além de melhorar as capacidades físicas como capacidade aeróbica, força muscular, agilidade, equilíbrio e flexibilidade, todas preditoras de morte nessa população.

Um recente estudo realizado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) apontou que o musculo esquelético em contração é capaz de produzir um hormônio – irisina – que serve como mensageira química e está intimamente ligada à memória, sendo capaz de estabilizar/evitar o agravamento da doença de Alzheimer. Embora o estudo tenha sido realizado em roedores, os resultados dessa pesquisa podem ser extrapolados para humanos, servindo como tratamento não-farmacológico para a doença.

 

Dr. Hugo Ribeiro Zanetti

Dra. Mirian R. M. Carrijo –

 

LOURENÇO, M. V. et al. Exercise-linked FNDC5/irisin rescues synaptic plasticity and memory defects in Alzheimer’s models. Nature Medicine. 7 jan. 2019.

Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz). Disponível em: <http://abraz.org.br/web/>. Acesso: 06 de junho de 2019.