PANDEMIA E GESTÃO HOSPITALAR - IMEPAC

PANDEMIA E GESTÃO HOSPITALAR

Naturalmente, a Gestão Hospitalar apresenta nuances muito mais peculiares por conta de envolver aspectos complexos e diversos em comparação ao exercício da administração nos ambientes, digamos assim, mais convencionais:

 

  • Há clientes que são pacientes e pacientes que são clientes;
  • Sob os auspícios do Gerente Hospitalar, falando especialmente do corpo médico, há profissionais com um elevado nível de formação que demandam uma atenção diferenciada e zelosa;
  • Os imponderáveis envolvendo o cotidiano do ambiente de clínicas, hospitais, unidades públicas de saúde e afins demandam uma acuidade e uma assertividade muito acima da média no desenvolvimento da liderança e da tomada de decisões;
  • Existe uma variedade de situações afetando e interferindo o planejamento, a organização, a direção e o controle desses espaços ocupados por tantos profissionais diferentes e com distintas naturezas de responsabilidade. Isto amplia, expressivamente, a necessidade de que o Gestor Hospitalar se atente para a sua importância de maneira independente aos fatores e aos juízos externos sobre o seu desempenho – ele nunca agradará a todos no desenvolvimento de seu trabalho de elevados comprometimentos e responsabilidades em todas as pontas.

 

Dito isso, consideremos o contexto de uma pandemia e de seu impacto em todos os espaços de saúde sob a responsabilidade de administradores públicos e privados para alinhamento com uma gestão pressionada para promover soluções e resolver problemas em curtíssimo prazo. Os acertos e os erros se sucedem em uma proporção assustadora porque não se tem uma quantidade de parâmetros seguros para as ações da gestão hospitalar nesses momentos conturbados. A quantidade de reuniões aumenta ou diminui de acordo com as urgências que gritam e assolam as sensibilidades à flor da pele dos profissionais de frente. Essas situações acabam por promover reconhecimentos ou descréditos naqueles que se dispõem às austeras decisões inseridas na ação do competente gestor hospitalar.

 

Lembremo-nos de que há regras, padrões e toda uma dinâmica de procedimentos formais presentes no setor da saúde que precisarão de uma incrível capacidade de interação desse profissional junto a todas as pontas onde brotam ideias e sugestões tanto simples, quanto absurdas, a serem consideradas para resoluções rápidas.

Nesse cenário de 2020, por exemplo, quando o mundo e o Brasil atravessam a pandemia da COVID-19, uma notícia foi destaque em periódicos nacionais: Com 45% menos de receita, o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, cortou em 25% o salário e a jornada de trabalho dos seus 15 mil funcionários (https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/05/einstein-e-sirio-libanes-fazem-corte-de-salarios.shtml).

Esta realidade também comprometeu orçamentos em outras instituições que procederam de maneira semelhante. Quer dizer, a pandemia, a princípio, imagina-se, demandaria uma quantidade maior de profissionais de saúde para o seu combate. Contudo, no setor privado, mais especificamente aquele que trabalha com especialidades de saúde e alto nível de referência, o efeito se mostrou o contrário. E o Gestor Hospitalar, na frente desse processo, precisa, em interação com a equipe que dirige e/ou com a qual interage (há diversos níveis de gestão hospitalar em contextos sob e sobre responsabilidades), tomar decisões complicadas e de impactos imensuráveis.

No setor público, a realidade do Gestor Hospitalar tem outros vieses e, da mesma forma, variadas e prementes demandas no meio de uma pandemia. Porém, o impacto passa por naturezas que não se atem somente ao contexto de saúde, mas se estende aos espectros políticos, sociais e econômicos em uma proporção histórica e imensurável. A exposição é muito maior e os riscos, idem. Por isso mesmo, percebemos uma troca bastante regular entre gestores da área de saúde nos níveis mais elevados envolvendo órgãos públicos de saúde. E essas mudanças, quase sempre, afetam toda a estratégia, todo o planejamento e toda a operação sob as responsabilidades de Gestores Hospitalares públicos em diversas frentes de ação.

O destaque da profissão de Gestor Hospitalar, nesses cenários onde a qualidade de vida e a atenção permanente de saúde com vistas à predominância da prevenção, tende a se consolidar de um jeito nunca antes previsto ou imaginado para esse caminho e essa vocação.

A partir da necessidade de que as circunstâncias envolvem especialidades de saúde mais e mais voltadas para a minoração dos efeitos das doenças e das pandemias, o Gestor Hospitalar surge como um vislumbre de atenuação do mau gerenciamento, tanto no setor privado, como no setor público. Não se pode mais aceitar a perda de recursos, de vidas e de esperanças a partir dessas premissas calcadas e relevadas no juramento proferido por esses profissionais quando de suas colações de grau:

Prometo exercer a profissão de Tecnólogo em Gestão Hospitalar com dignidade, ética profissional e competência. Valendo-me da Ciência Administrativa para gerir de forma empreendedora, analítica e estratégica. Comprometo-me, ainda, empenhar-me pelo engrandecimento de minha profissão, adotando visão sistêmica na formulação de ações resolutivas e eficazes, que beneficiem as instituições de saúde, assim como a sociedade, sem perder, entretanto, a dimensão humana. Assim o prometo. (Fonte desse juramento – Rede Humaniza SUS do Ministério da Saúde).

 

Por: Esp. Paulo Henrique de Sousa Leite

Professor do curso de Gestão Hospitalar